malmequer

Prezado Professor: o substantivo malmequer (ou bem-me-quer), que designa várias espécies de flores, grafa-se assim. E a brincadeira de desfolhar a margarida, como devo escrever? Ao arrancar cada pétala da flor, posso considerar que estou diante da frase e não do substantivo?

Magna —  São Paulo

Minha cara Magna: quando os namorados tiram as pétalas da margarida, eles vão dizendo “Mal me quer, bem me quer; mal me quer, bem me quer” — presumindo-se que o sujeito implícito do verbo querer seja a figura do(a) amado(a): (“[ela] bem me quer, [ela] mal me quer”). Estamos, portanto, em pleno nível sintático, onde cada palavra é uma unidade independente, separada uma da outra pelo tradicional espaço em branco. 

Quando a expressão foi substantivada para designar a própria flor, passou a substantivo composto: malmequer (ou bem-me-quer) É mais ou menos o que aconteceu com “Deus nos acuda!” e “foi um deus-nos-acuda“, “Chove e não molha” e “ficaram no chove-não-molha“. Uma coisa é a frase, que veio em primeiro lugar; a outra, o substantivo que foi formado a partir dela. 

Quanto ao uso do hífen, deves lembrar que a regra que se aplica ao prefixo bem é diferente da que se aplica a mal: bem vai ser hifenizado sempre que formar um composto com outro vocábulo de existência independente em nosso idioma (bem-estar, bem-aventurado, bem-querer, bem-vindo, etc.), enquanto mal só vai ter hífen quando se ligar a palavras iniciadas por H ou por vogal: mal-estar, mal-assombrada, mal-arranjado (mas malfeito, malmequer, etc.). Abraço. Prof. Moreno