superlativos eruditos

Uma leitora que atende pelo sugestivo pseudônimo de lovebygirls pergunta: “Qual o superlativo erudito das seguintes palavras (segue-se a lista abaixo). Há alguma regra para descobrir o superlativo erudito de palavras terminada em L e ÃO?”. Minha resposta foi a que segue:

Em primeiro lugar, espero que tua consulta se deva a uma legítima curiosidade, e não se trate de um trabalho escolar que tenhas de fazer. Eu trabalho sozinho e não é justo que alguns leitores me onerem com suas tarefas pessoais — o que não deve ser o teu caso. Aqui vão os superlativos ERUDITOS que pediste:

Friso que essas são as formas eruditas; é evidente que todos eles Friso que essas são as formas eruditas; é evidente que todos eles admitem uma variante VERNÁCULA, formada simplesmente pelo acréscimo de -íssimo ao radical atual. Quanto à existência de uma regra para descobrir o superlativo erudito (não só de adjetivos terminados em L ou ÃO, mas de qualquer um deles), é muito simples: é só voltar ao Latim. Ali é que os eruditos se formam. Sábio é sapiens; livre é liber; frio é frigidus; doce é dulcis; magro é macer; e assim por diante — isso explica sapientíssimo, libérrimo, frigidíssimo, dulcíssimo e macérrimo (as colunas sociais criaram um magérrimo, cruza de jacaré com cobra-d’água, que já ganhou a preferência popular…). Os adjetivos que terminam em -vel, hoje, mesmo não sendo de origem erudita, voltam a assumir o B da forma latina do sufixo (agradável – agradabilíssimo); os que terminam em –ão geralmente assumem a outra forma da nasal que tinham no Latim (o N), como em cristão>cristianíssimo, pagão>paganíssimo. Isso, contudo, não tem nada a ver com regras de formação de superlativos; trata-se simplesmente de mudanças fonológicas bem mais amplas, ocorridas na passagem do Latim ao Português. Além disso, os adjetivos que possuem, em nosso idioma, este superlativo erudito, especial, são em muito pequeno número: não chegam a duas centenas, o que é quase nada, comparado aos 100.000 adjetivos que temos hoje — numa estimativa muito moderada. Abraço. Prof. Moreno