Bom dia, bom-dia

Caro Professor, em uma mensagem eletrônica ou em uma carta, o cumprimento “bom diapode ser escrito sem hífen? Lucia — Curitiba

Em qualquer circunstância, Lucia — carta, bilhete, e-mail, etc. —  a saudação vai ser escrita sem hífen: “Bom dia!”. Quando for um substantivo, no entanto, deve ser hifenizado: “Deu um bom-dia sem graça e foi sentar em seu lugar”. Neste caso, tem até plural: “Já estava cansada daqueles bons-dias cheios de segundas intenções”. Pois nada disso muda, com o Acordo; as novas regras de hífen dizem respeito a formação com prefixos — o que não é o caso. Abraço.  Prof. Moreno

Mas caro Professor, de acordo com o VOLP, saudação protocolar é vocábulo grafado com hífen. O Houaiss ratifica tal ponto de vista. Assim, ao iniciar o dia, o bom-dia é um cumprimento, pois não? O Acordo de 1990 não aborda a questão. E aí?

Lucia — Curitiba

Minha cara Lúcia, nota que o Houaiss registra apenas o substantivo masculino (com hífen, aliás, como já te disse na mensagem anterior). Deves perceber que isso nada tem a ver com “Bom dia!”, aquele segmento de frase que dizemos quando encontramos alguém, ou dele nos despedimos. É uma locução, o que significa que já pertence ao mundo da sintaxe — e isso a deixa fora do âmbito do hífen, que fica restrito ao interior de um vocábulo composto. “Bom dia!” é da mesma tribo de “Boas festas!”, “Bons ventos!”, “Bom Carnaval!”, “Boa viagem”,”Bom almoço!”, “Boa hora” (que se diz para as gestantes), e assim por diante. Um exemplo que deixa bem clara esta diferença é “boa tarde”. Compara a concordância de gênero em “Tenha uma boa tarde” (locução) com “Deixo aos ouvintes o meu boa-tarde” (substantivo composto). Abraço. Prof. Moreno