A FORTIORI (diga /a forcióri/) é o início de uma expressão latina — a fortiori ratione — que significa “por causa de uma razão mais forte”, ou seja, “com muito mais razão”. Indica que uma conclusão deverá ser necessariamente aceita, já que ela é logicamente muito mais verdadeira que outra que já o foi anteriormente. Traduz-se mais ou menos como “se aceitamos a verdade daquilo, então mais razão temos de aceitar a verdade disto“. É mais fácil mostrar do que tentar descrever o seu emprego correto:
— Se, como proclamam habitualmente as Constituições, todos são iguais perante a lei, podemos esperar que, a fortiori, todos também sejam iguais perante a Administração Pública.
— Hotéis, supermercados, centros comerciais e até hospitais vêm sendo condenados a indenizar os proprietários de veículos furtados em suas dependências; as empresas que exploram o estacionamento pago devem, a fortiori, responder por qualquer dano que ocorra nos carros sob sua guarda.
— Nos estados dos EUA em que a pornografia é considerada ilícita, a pornografia infantil é, a fortiori, proibida e punida severamente pela lei.
Fala-se, em Lógica, no “argumento a fortiori”, montado sobre uma relação semelhante à descrita acima: uma vez definida ou estabelecida uma conclusão geral, estamos estabelecendo ao mesmo tempo uma conclusão mais restrita, nela contida, cuja validade não é necessário demonstrar. As regras e peculiaridades deste tipo de construção, é claro, devem ser estudadas nos tratados de Lógica e de Argumentação.
Como curiosidade, lembro que Epifânio Dias, no clássico Sintaxe Histórica Portuguesa, dá um exemplo de como nosso idioma pode usar o quando em argumentos a fortiori: “Quando o rei mente, o que não fará o vassalo?”.