A leitora Márcia C. precisa muito saber qual é a rima para a palavra cisne.
Minha prezada Márcia, a palavra cisne, considerada uma rima rara, só tem paralelo no presente do subjuntivo do verbo tisnar (“tornar negro, sujar de carvão, de fumaça”): que eu tisne, que tu tisnes, que você tisne. Rimar, rima; o difícil é usar as duas palavras num mesmo poema, porque uma nada tem a ver com a outra. Os poetas parnasianos, sempre em busca desses virtuosismos, já tentaram, mas ficou muito forçado. Assim como o craque de futebol quer fazer um gol de bicicleta para mostrar que é incomparável, Olavo Bilac encaixou esta rima em um de seus sonetos, com um efeito lamentável (na minha opinião, evidentemente; há quem goste): “No horrendo pântano profundo / Em que vivemos, és o cisne / Que o cruza, sem que a alvura tisne / Da asa no limo infecto e imundo”. Abraço. Prof. Moreno