Doutor, dei o nome de Isabela para minha filhinha. Logo as tias e avós queriam bordar toalhinhas, roupinhas e veio a pergunta inevitável: o Isabela vai ser com S ou com Z? Sempre imaginei o nome com S. Uma amiga até hoje me diz que entre duas vogais só se usa S. Isso é regra? Existem outras palavras, como beleza e baliza, por exemplo, que são grafadas com Z. Por favor me esclareça porque eu não tenho mais argumentos.
Janaína M. — Belo Horizonte
Minha cara Janaína: em primeiro lugar, parabéns por teres dúvida quanto à grafia do nome da tua filha; infelizmente, essa não é uma atitude comum, no Brasil. Para a maioria das pessoas — mesmo para muitas que utilizam um Português bem cuidado —, é como se os nomes próprios não precisassem obedecer às normas ortográficas. Esse é um velho engano, nascido do fato de que a lei faculta ao cidadão usar o nome na forma em que foi registrado (dá uma lida no que escrevi sobre acentos em nomes próprios). Podes ter certeza de que tua filha vai te agradecer o bom-senso em pesquisar a forma correta.
Agora, os princípios ortográficos: entre duas vogais, o som de /z/ pode ser representado por três letras diferentes: o S (casa, camisa), o Z (azar, baliza) e o X (exato). Não existe um sistema bem definido que regulamente o emprego de cada uma delas, pois aqui pesa, e muito, a tradição de 900 anos de escrita do Português. No teu caso específico, o nome é Isabel — ou Isabela, variante que muitos preferem pela sugestão de “beleza” que contém. É considerado o equivalente espanhol do Elizabeth inglês, e sempre foi grafado com S, como a famosa rainha Isabel, a Católica, que apoiou a viagem de Colombo. Há, no dicionário, uma uva isabel, variedade muito popular aqui no RS, e isabelino, sinônimo de elisabetano, período histórico batizado a partir da rainha Elisabete I, da Inglaterra, no séc. XVI. É significativo que no Italiano e no Francês, nossas duas irmãs latinas, o nome seja Isabella e Isabelle, respectivamente. Abraço. Prof. Moreno