Prezado Professor: li no Celso Cunha que delinqüir é tritongo. Por quê? Meu filho me perguntou se queijo é tritongo. São três vogais, certo? Então é tritongo… ou não? Existe uma forma fácil de definir vogal e semivogal? Obrigado pela ajuda.
Artur Araujo
Meu caro Artur: deve haver um engano; Celso Cunha jamais teria dito que delinqüir é um tritongo, porque não é — aqui não há sequer três LETRAS vogais juntas, quanto mais três FONEMAS vocálicos! Os tritongos (muito raros) são verdadeiros “sanduíches” fonológicos, em que o recheio é a vogal e as fatias de pão são as semivogais. Nota que eu fiz questão de destacar “fonológico”: estamos falando de sons, não de letras. Queijo só tem um ditongo decrescente, o /ey/; o U aqui é uma letra muda, usada como apoio ortográfico para o Q. Os verdadeiros tritongos têm os três sons vocálicos presentes: sa-GUÃO, uru-GUAI-a, QUAIS, etc.
A distinção entre vogal e semivogal não é simples (isso, sem contarmos a grande discussão teórica que acompanha esses conceitos no nível dos mestrados e doutorados); não sei a idade do teu filho, mas sei, por experiência própria (porque coordeno o ensino de Língua Portuguesa em vários colégios aqui de Porto Alegre), que este assunto deve ser tratado de uma forma muito atenuada, principalmente porque envolve o jogo sempre perigoso entre “letra” e “fonema”, que já enredou até gramáticos de renome! Abraço. Prof. Moreno
Depois do Acordo: delinqüir > delinqüir