Prezado professor: escreve-se Manuela ou Manoela? Qual é a forma correta do nome? Obrigada.
Luciene A.
Minha cara Luciene: o nome é português da gema, de reis e princesas lusas: Manuel, Manuela. Há um período manuelino na História, bem como um estilo manuelino de móveis. Há vários pássaros na nossa fauna com esse nome (manuel-de-barro, manuel-vaqueiro, etc.), todos assim registrados no Aurélio e no Houaiss. Fomos descobertos durante o reinado de D. Manuel, que, por ter a sorte que teve (descobrir o Brasil não é pouca coisa!), passou a se chamar “D. Manuel, o Venturoso”. A forma Manoel é bem difundida, mas não tem razão de ser.
Agora, fazes muito bem em trazer esta dúvida. Muita gente vive sob a ilusão de que os nomes próprios não estão sujeitos a regras. Claro que estão; o que é assegurado por lei, ao cidadão, é portar o seu nome da forma como foi registrado. Muitas vezes recebemos um nome que se transmite de geração em geração dentro da família, e o usamos com orgulho, mesmo que não esteja grafado dentro da norma atual. É o caso dos Mathias, dos Thiagos, etc. Outras vezes, porém, a grafia do nome é alterada por mera ignorância ou por alguma idiossincrasia dos pais; se o filho suportar a carga, ele tem o direito de conservar o nome assim como está no registro. Caso contrário, pedirá uma retificação da grafia: se alguém odeia o suficiente o seu filho para condená-lo a arrastar um nome como Cerjio, o infeliz pode, se quiser, solicitar à Justiça a correção para Sérgio.
Por outro lado, quando falamos de personagens da história ou nos referimos aos nomes de uma maneira genérica, sempre vai prevalecer a forma correta: Luís (e não *Luiz) de Camões, Casimiro (e não *Casemiro) de Abreu, Rui (e não *Ruy) Barbosa; “na minha lista de chamada, não há uma só Juçara (e não *Jussara) ou uma só Susana (e não *Suzana)”. Eu sei que esse assunto é dinamite pura, porque existe nos nomes que escolhemos uma grande quantidade de conteúdos inconscientes; por isso mesmo, estou preparando um artigo falando especificamente nesse problema. Um abraço. Prof. Moreno