Caríssimo prof. Moreno, sou um grande admirador de sua coluna, que tenho como a melhor do gênero no País. Lendo uma de suas respostas à dúvida sobre a acentuação de inox, não pude deixar de notar sua analogia com outros termos terminados em X, tais como Durex, entre outros. Ora, essa terminação, apesar de bastante antiga (como atesta o exemplo), tem a conotação de moderno e contemporâneo e vem sendo ainda bastante utilizada para dar nome a produtos que se querem associados a tecnologia, principalmente, como é o caso de Vaspex, Sedex e tantos outros que são criados diariamente (até mesmo o popularíssimo Marmitex). Minha pergunta é: de onde vem essa terminação? Quais foram seus precursores?
Wolney U. — Goiânia
Meu caro Wolney: a operação de batizar um produto industrial envolve muito mais que uma simples designação: é importante também que esse nome sugira qualidades desejáveis como modernidade, eficiência e respeitabilidade. Essa força evocativa das palavras fica naquele rincão misterioso que o lingüista Roman Jakobson denominava de “função poética” da linguagem. Digo misterioso porque simplesmente ninguém explica por que uma determinada combinação de sons traz mais prestígio do que outras; o certo é que isso acontece, e os publicitários e homens de criação precisam ter sempre o ouvido muito atento.
Há fortes indícios de que o uso das terminações em X para marcas e produtos tenha vindo do Inglês. A presença, em muitos nomes compostos, de radicais como flex, mix, max, fix, lux, vox, mais o uso difundido do sufixo high-tech (já que estou falando do Inglês …) –ex, que sugere a idéia de excelência, parecem ter carregado todos os nomes terminados em X com essa aura especial, reforçada por marcas de grande renome e qualidade, como Rolex, Xerox, Pentax, Victorinox, Linux, Rolleiflex. Na irrefreável globalização mercantil, muitos desses produtos entraram no Brasil, misturando seus nomes ao de produtos genuinamente nacionais, batizados também nesse novo estilo. Hoje, sem uma pesquisa cuidadosa nas juntas comerciais e nos registros de marcas, é praticamente impossível distinguir, a olho nu, quem é daqui e quem é de fora entre os seguintes nomes: Ajax, Chamex, Colorex, Concremix, Durex, Errorex, Eucatex, Iodex, Marinex, Mentex, Panex, Paviflex, Repelex, Varilux, Zetaflex. O inconfundível toque brasileiro: o prof. Antônio José Sandmann, em seu Competência Lexical, menciona uma pequena firma de reparos domésticos de instalações elétricas e hidráulicas, no litoral do Paraná, que ostenta o vistoso e significativo nome de Prajax. Abraço. Prof. Moreno
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