Prezado Moreno: a regra para a utilização de letras maiúsculas é uma dessas que raramente deixa margem para dúvidas. No entanto, num de teus artigos eu li: “Segundo alguns especialistas, nas Línguas Românicas…” Ora, professor: línguas românicas, em minúsculas; não há nome próprio aí. Quem editou o seu texto pisou no tomate (pois não acredito que o erro tenha sido seu). Voltarei sempre. Um abraço,
Sérgio Luiz Mansur — Belo Horizonte
Meu caro Mansur: o texto do meu sítio é editado por mim mesmo (e, eventualmente, meus leitores); se do meu cérebro ao meu dedo já vai uma longa estrada, sujeita a acidentes, imagina se eu iria confiar em interpostas pessoas! Portanto, quando alguém pisar aqui no tomate, serei eu. No caso das Línguas Românicas, escrevi (e continuo escrevendo) com maiúsculas porque esse é um traço do meu estilo; sinto que elas formam um grupo distinto, único, diferente, por exemplo, das “línguas humanas”, ou “línguas indígenas” (algo assim como a Família Lima é grafada com maiúscula, enquanto a família Mansur e a família Moreno, com minúscula). Deves ter notado que utilizo, em todas as páginas deste sítio, maiúsculas para Português, Inglês, etc. Não concordo com o uso geral de grafar o nome das línguas em minúsculas; pelo menos, sou consistente.
Não deveria eu seguir a regra? Sabes muito bem, Mansur, que nossa ortografia obedece a um sucinto formulário (1943), que deixou algumas observações mais ou menos precisas quanto à acentuação, aos hifens e ao emprego das letras, e bem imprecisas quanto ao resto (sequer estou considerando, aqui, a dupla confusão causada por este Novo Acordo, cujos malefícios ainda não foram percebidos pelo grande público). Se deres uma lida cuidadosa no Grande Manual de Ortografia Globo, do meu mestre Celso Pedro Luft (nosso maior especialista em Ortografia — maior mesmo que o velho Houaiss), no item em que ele sumariza as regras editadas pela Academia (eu deveria grafar “Hacademia”, usando aquele H depreciativo do Julio Cortazar) sobre letras maiúsculas, terás uma boa idéia do que estou dizendo: ela começa com regras decididas, objetivas, que dão a impressão de que seus autores sabiam exatamente aonde estavam indo, e vai pouco a pouco se diluindo em “pode”, “deve”, “em princípio”, até desembocar no abismo sem fundo das maiúsculas estilísticas — bom, aí então a cobra fuma. Respeito a tua opinião, mas vou continuar, neste caso, com a minha. Sempre alerta, Mansur, e segue mandando perguntas, que um dia eu acabo respondendo (esta aqui, por exemplo, é bem velhinha). Abraço. Prof. Moreno