Segundo alguns jornalistas e professores, devemos nos referir a esta cidade antepondo o artigo definido O (o Recife), uma vez que o nome da cidade é também a designação de um acidente geográfico (à semelhança do que acontece com o Rio de Janeiro, por exemplo). Esta explicação é correta? Devo me referir ao Recife desta forma?
Iara N. — Recife
Tenho notado que muita gente, excluindo a região sul, fala “eu vim DO Recife” em vez de “eu vim DE Recife”. A maioria dos repórteres da televisão sempre usa este artigo definido. Isso está certo?
Karina P. — Porto Alegre
Prezadas leitoras: o princípio geral, no Português, é o de que não se usa artigo antes de nome de cidade: as ruas de São Paulo, as praças de Belo Horizonte, as ladeiras de Salvador. No entanto, às vezes o nome de um acidente geográfico pode interferir na construção sintática com o topônimo. Em alguns casos, isso já ficou cristalizado na Língua, enquanto em outros a decisão vai ser tomada por cada falante individual. Eu, por exemplo, sempre falo do Rio de Janeiro, do Porto (Portugal) (como, penso eu, a totalidade dos brasileiros); contudo, prefiro usar de Recife, de Rio Grande (cidade em que nasci), embora perceba que muitos preferem do Recife, do Rio Grande. Esta decisão de usar ou não o artigo é apenas um das centenas de situações em que o falante vai optar entre duas formas corretas; a soma de suas escolhas pessoais é o seu estilo pessoal de usar o Português. Quem quiser ficar dentro do princípio genérico, deixa sem artigo; quem preferir acompanhar os hábitos locais, correndo o risco de causar estranheza nos leitores não-locais, usa o artigo. Um excelente exemplo se encontra nas perguntas que vocês fizeram feitas: a moradora de Recife prefere usar o artigo, enquanto a gaúcha acha tudo isso esquisito. Abraço. Prof. Moreno