Prezado Professor: Leio sempre sua página, adoro suas dicas, utilizo-as em minhas aulas até na Universidade. Parabéns! Gostei também de saber que se emociona com a palavra lazúli (quem não o faz, bom coração não terá…risos…) Mas ajude-me numa dúvida que tenho: o verbo adequar — muito usado por autoridades em cerimônias de inaugurações — ficaria, na terceira pessoa do singular, adéqua (com a tônica no /é/) ou adequa (com a tônica no /u/)? Penso que a última forma seria a mais correta, dada a situação anômala do verbo, mas gostaria de uma confirmação. Obrigada pela sua atenção.
Olga M.— Itajaí-SC
Minha cara Olga: Obrigado pelos cumprimentos; continua minha leitora, que isso já é um elogio suficiente. Quanto ao adequar, temos um problema: os gramáticos o classificam como um daqueles verbos defectivos que só pode ser conjugado nas formas arrizotônicas. Não para ti, que és professora, mas para os outros leitores, explico que estas são as formas cuja vogal tônica fica fora do radical (leVAmos, leVAis), ao contrário das rizotônicas (LEvo, LEvas, LEva, LEvam). Isso nos deixaria, no presente do indicativo, apenas com o nós adequamos, vós adequais. Para que os alunos entendam rapidamente, basta assinalar que este verbo, segundo a opinião dos gramáticos (é bom deixar isso bem claro: opinião), não poderia apresentar nenhuma das formas em que a tônica seria o U (adequo, adequas, etc.).
Ora, como bem sabes, esse negócio de verbo defectivo é muito uma questão de uso e de época; gramáticos tradicionais implicavam com o compito, do competir, que hoje é aceito pela maioria dos autores. Acho que o mesmo está acontecendo com o adequar; vai terminar sendo aceito por todos como um verbo completo. Talvez esse consenso demore um pouco, mas a resposta sobre a prosódia correta deste verbo já foi dada de antemão, pela própria restrição que hoje ainda (?) se aplica a ele: “não deve ser usado nas formas em que o U for tônico“! Está dito com todas as letras: o U é tônico; ele vai ter (ou já tem?) a mesma conjugação do obliquar, que é obliquo, obliquas, obliqua. Houaiss prefere adéquo, adéquas, adéqua, mas aceita também adequo, adequas, adequa (com o U tônico), que eu prefiro. Eu, pessoalmente, evito conjugá-lo porque, como tu sabes, os olhos e ouvidos estão sempre focados na linguagem do professor de Português, mas não vejo o menor inconveniente de conjugar este verbo integralmente no presente do indicativo. Abraço. Prof. Moreno