Prof. Moreno: primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo maravilhoso trabalho. Sem dúvida, impagável! Tenho uma grande dúvida quanto ao verbo optar. Quando pergunto “Vamos tomar um sorvete? Você opta por morango ou limão?”, qual é a forma correta de pronunciar o verbo? É /ópta/ ou /opíta/? E a resposta seria “Eu /ópito/ ou /opíto/ por limão”? Ficaria muito feliz se você me respondesse. Um grande abraço.
Rose C.
Prezada Rose: quando pronunciamos os encontros consonantais chamados de imperfeitos (D+V, P+T, G+N, T+M, B+T, etc., como em advogado, optar, digno, ritmo, obturar), sempre intercalamos entre as duas consoantes um fonema vocálico (/i/), ficando mais ou menos assim a pronúncia: /adivogado/, /opitar/, /díguino/, /obiturar/ [o acento é só para marcar a vogal tônica]. Quanto mais culta for a pessoa, mais atenuada será a pronúncia desse fonema — mas ele estará sempre lá, ocasionando uma inevitável mudança no número de sílabas. Pneu, por exemplo, é pronunciado obrigatoriamente com duas sílabas (/pi-neu/). Já escrevi sobre isso em pronúncia de encontros consonantais.
No caso do verbo optar, a conjugação é eu opto (/ópito/), tu optas (/ópitas/), etc. Nota que essa vogalzinha de apoio, intrometida, nunca deverá ser pronunciada como se fosse tônica — o que daria /*opíto/. Foi exatamente assim que nasceu outra forma esquisita que, com a vitalidade da erva daninha, está se alastrando entre os falantes mais jovens: o famigerado /*indiguíno/, que já está contaminando /*resiguíno/. Uma pessoa preocupada com sua formação, como tu, deve dizer “eu /ópito/”, “eu me /indíguino/”, “eu me /resíguino/”. Abraço. Prof. Moreno