Rafael não concorda com seu amigo, que afirma que existem línguas mais difíceis do que outras, tanto para um brasileiro quanto para um coreano. Diz ele: “Eu acho que a dificuldade de uma língua varia de falante para falante, em virtude da proximidade ou não com a língua nativa. Resumindo, Professor: existem línguas que são inerentemente mais difíceis?”
Meu caro Rafael: a razão está contigo. Nenhuma língua é dífícil para seus falantes, já que ela é o produto de centenas de gerações sucessivas de uma mesma cultura e sociedade. É impressionante o número de pessoas com bom preparo intelectual que não conseguem entender esse ponto fundamental: para uma criança chinesa, o Chinês é tão fácil (ou difícil) quanto é o Espanhol para uma criança espanhola. Só podemos comparar duas línguas com relação a um terceiro neutro: do ponto de vista de um esquimó, por exemplo, o Inglês é muito mais fácil de aprender do que o Italiano (tem menos flexões, não depende tanto de informações sobre o gênero das palavras, tem verbos com menos formas, etc.); aliás, é por isso (e não pela supremacia militar e econômica dos EUA) que o Inglês está se tornando a nova língua universal. Já o Espanhol é mais fácil para nós, do Brasil, do que para os indianos, exatamente pela maior proximidade entre os dois idiomas nascidos na Península Ibérica. Para falantes nativos, no entanto, todas as línguas têm o mesmo grau de dificuldade. Abraço. Prof. Moreno