Prezado Professor: há exceções à regra de que nomes de santos iniciados por consoantes devam ser precedidos pela forma são? Já li e ouvi muitas vezes referências a Santo Tomás de Aquino, Santo Domingo, Santo Tomé. Isso é correto?
João E. Chagas
Meu caro João: por uma regra de adaptação morfofonêmica, o padrão é usarmos santo antes de nomes começados por vogal ou por H, e são antes dos nomes que iniciam por uma consoante. Em Vieira, podemos achar SÃO Boaventura, São Pedro, SÃO Cipriano, SÃO Gregório Niceno, SÃO João Crisóstomo, ao lado de SANTO Agostinho, SANTO Antônio e SANTO André. Há, no entanto, alguns casos que fogem ao padrão — e Tomás de Aquino é exatamente o mais significativo. Vieira usa SANTO Tomás, como a maioria dos autores clássicos (Frei Luís de Sousa, João de Barros, Contador de Argote); no entanto, a partir do séc. XVIII o padrão vai-se firmando, notando-se hoje a nítida preferência por SÃO Tomás. Como casos desviantes, Houaiss menciona SANTO Tirso (em vez de São Tirso); eu acrescento SÃO Estêvão (em vez de SANTO Estevão). No feminino, não há problema, porque vamos usar sempre santa.
O sistema adotado pelo Espanhol, idioma irmão do nosso, é completamente diferente: eles usam san antes de qualquer nome (San Antonio, San Roque, San Pablo, San Andrés). O Dicionário da Real Academia nos ensina que a forma santo só vai ser usada antes de Tomás, Toribio, Tomé e Domingo. É por isso que temos, na fronteira do Rio Grande do Sul, a ponte que liga São Borja, no Brasil, a Santo Tomé, na Argentina; é por isso que falamos na república de São Tomé e Príncipe, enquanto eles usam Santo Tomé e Príncipe; é por isso que a capital da República Dominicana é São Domingos, em Português, mas Santo Domingo em Espanhol. Abraço. Prof. Moreno