Professor Moreno: estamos com uma dúvida cruel aqui na empresa: os prefixos do tipo bi, tri, penta, hexa têm que ser aplicados de forma consecutiva? Isto é, quando nos referimos a campeonatos de futebol, por exemplo, e o time ganha por dois anos consecutivos, ao perdê-lo no ano seguinte e ganhá-lo no ano posterior, ele seria tricampeão? Mesmo com esse intervalo de um ano? Partimos do princípio de que cada campeonato é único e que, por isso, se o time não vencer três campeonatos consecutivos, não poderá receber o título de tricampeão. Isso se aplica também à Seleção Brasileira, não é, professor? Agradeço se nos esclarecer mais esta dúvida.
Virgínia R.
Prezada Virgínia: isso é apenas uma questão de hábito e nada tem a ver com o significado do vocábulo. Na minha juventude, só computávamos um tricampeonato para nosso time se ele conquistasse três campeonatos seguidos. Assim foi a Copa de 62, em que o Brasil sagrou-se bicampeão; na Copa de 70, no entanto, todo o país comemorou o tricampeonato, demonstrando que, a partir daquela data, não estávamos mais levando em conta a antiga exigência de vitórias sucessivas. Acho que isso deve ter vindo da transmissão da Copa por emissoras estrangeiras, que devem chamar de tricampeão quem quer que tenha chegado três vezes ao campeonato.
O que já começou a acontecer, no Brasil, é a confusão entre os dois sentidos, por parte de quem ouve. É algo digno de admiração um time chegar a ser tricampeão brasileiro (no sentido sucessivo); no entanto, chegar a três campeonatos não-sucessivos é moleza. Além disso, como vamos apresentar grandes clubes como o Flamengo, por exemplo, que já foi umas quarenta vezes campeão do Rio? Ou o Internacional, em Porto Alegre, que já conquistou mais de trinta campeonatos gaúchos? Estás a ver que, em termos de Copa do Mundo (em que são poucos os países com vários títulos), isso ainda é possível; quando nos referirmos a campeonatos no Brasil, no entanto, temos de ficar com o velho sistema. Daqui a uns 50 anos, o mesmo vai acontecer quando falarmos da Copa, porque Brasil, Alemanha, Itália ou Argentina poderão acumular tantos títulos que obrigarão as pessoas a voltar ao antigo sistema consecutivo. Abraço. Prof. Moreno