Caro Professor, qual seria a forma correta de escrever 1888 por extenso? Seria “um mil oitocentos e oitenta e oito” ou apenas “mil oitocentos e oitenta e oito”? Por quê? Grato!”
Delintro A. — Anápolis (GO)
Meu caro Delintro: na expressão da unidade de milhar, o Português não usa um mil. A seqüência correta é mil, dois mil, três mil.… O ano do tricampeonato brasileiro no futebol foi 1970 — mil, novecentos e setenta. Só o uso bancário insere aquele esquisito “um” — e são tão teimosos e onipotentes que a maioria dos caixas e gerentes não querem aceitar um cheque preenchido com mil e duzentos reais. “É para evitar fraudes”, dizem os espertinhos; acontece que o emitente tem o direito de correr o risco que ele quiser, se não quiser insultar a língua portuguesa. Além disso, como é infinita a estultice alheia, estendem essa exigência até mesmo a cheques datilografados ou com o valor por extenso escrito entre parênteses, casos em que obviamente fica afastada qualquer hipótese de adulteração posterior…
Quem já levantou uma forte reação contra isso foi o velho gramático Napoleão Mendes de Almeida, que se indignava com essa ditadura ignorante dos bancos que se metem a legislar sobre o que não entendem. Em divertido e impertinente artigo de seu Dicionário de Questões Vernáculas, verbera esses ultracrepidários (vale a pena dar uma olhada nesse utilíssimo vocábulo!) que fazem, segundo ele, essa “exigência mais uma vez humilhante, por obrigar que se escreva o que não existe em nosso idioma”. E lembra, sarcástico, que falamos Português no Brasil, que certamente não foi descoberto no ano um mil e quinhentos. Abraço. Prof. Moreno
Depois do Acordo: seqüência> sequência