Olá, Professor! Por favor, eu gostaria de saber a origem do vocábulo batismo. Eu preciso de informações detalhadas sobre esta palavra. Desde já agradeço.
Gilberto R. — Santa Maria (RS)
Prezado Gilberto: como muitos outros vocábulos de nossa língua, batizar vem do Grego por via latina. Em Latim, baptizare, do Grego, baptizein, “mergulhar”, alusivo à imersão completa que se fazia na Igreja primitiva. O poderoso dicionário Liddell & Scott define o verbo grego como “mergulhar na ou sob a água”. Grimm-Thayer, o dicionário inglês padrão para o Grego do Novo Testamento, define batismo como “imersão na água”.
Muita discussão tem sido feita sobre essa obrigatoriedade de ser o batismo uma imersão. Nos Evangelhos, há passagens em São Marcos e São João em que se faz referência a pontos do Jordão em que o batismo era mais fácil, pela maior profundidade da água — o que claramente indica o uso da imersão completa. Já na Igreja Católica Romana, a água continua um elemento indispensável do ritual do batis’mo, mas quem recebe o sacramento pode simplesmente ter a testa molhada ou a cabeça aspergida, simbolizando o mergulho e o renascimento espiritual. Em outras religiões cristãs, o sentido de “mergulho” da palavra batismo pode ser visto como uma imersão no Espírito — e não na água. E assim por diante. É uma questão para os doutos e os teólogos das várias confissões religiosas decidirem, e eu não me meto em horta alheia.
Não sei, caro Gilberto, o que pretendes fazer com essa informação. Deixo-te, no entanto, um caveat: apegar-se ao sentido inicial dos vocábulos para tentar definir as coisas que eles representam é um equívoco condenado pela ciência lingüística e pela própria vida. Os vocábulos não podem ser interpretados apenas pelo sentido primitivo; muitos deles, inclusive, nem guardam mais o sentido literal que tinham ao nascer. As palavras mudam, alargam ou estreitam seu significado e, o que é mais incontrolável ainda, podem ser usadas em uma dimensão mais simbólica ou metafórica. Em nossa língua, batismo ganhou também a acepção de “iniciação” (o que nos permite, sem medo de cair em contradição, falar no batismo de fogo de um combatente!) e a de “atribuição do nome” (estamos “batizando” quando damos nome a uma criança ou a um navio). Da relação inicial com a água (rasa, profunda ou borrifada, não importa), nosso idioma, com ironia, passou também a usar o verbo batizar para denominar a prática pouco honesta de adulterar líquidos valiosos — principalmente o leite e as bebidas alcóolicas — adicionando-lhes uma certa quantidade de água.
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