A leitora Clarice, de São Vicente (SP) pergunta sobre o significado da expressão eminência parda, e me avisa: “Espero que a sua explicação seja exatamente o que eu entendo por eminência parda. Caso contrário, ficarei desapontada comigo mesma, pela minha ignorância”. Não deixa de ser uma maneira original de perguntar; espero que minha explicação a satisfaça. Eminência parda (no Francês, Eminence Grise) era como chamavam François Leclerc, Marquês de Tremblay (1577-1638), que se retirou da vida mundana e ingressou na ordem dos Capuchinhos com o nome de Père Joseph (Frei José), tornando-se o secretário particular, conselheiro e confidente do Cardeal Richelieu, o verdadeiro homem forte da França de Luis XIII. A influência que Père Joseph exercia sobre o Cardeal fez dele um das mais poderosas figuras do reino, embora não ocupasse nenhum cargo oficial. É interessante ver o que Alexandre Dumas diz sobre ele no 1º capítulo de Os Três Mosqueteiros, quando roubam de D’Artagnan a carta que ele levava para o Senhor de Tréville, Comandante dos Mosqueteiros do Rei:
“Depois do rei e do senhor cardeal, era o Sr. de Tréville o homem cujo nome talvez fosse mais freqüentemente pronunciado pelos militares e até pelos burgueses. É verdade que havia também Père Joseph, mas o nome deste último só era proferido baixinho, tão grande terror inspirava a Eminência Parda, como chamavam ao secretário do cardeal”.
Eminência é, até hoje, o tratamento dispensado aos cardeais. Richelieu, que usava o tradicional hábito púrpura tradicional, era conhecido como a Eminence Rouge, enquanto Père Joseph, por causa da cor do hábito dos capuchinhos, era apelidado, um tanto ironicamente, de Eminence Grise. Esta expressão serve hoje para designar qualquer pessoa que se mantém nos bastidores da vida pública mas exerce secretamente o poder. É, no fundo, aquele que realmente manda, mas não aparece.
Depois do Acordo: freqüentemente > frequentemente