Diga /non sécuitur/. Esta expressão latina significa, literalmente, “não se segue“; nela podemos facilmente perceber a presença do verbo sequo, avô de tantas palavras no Português: seqüência, seqüela, séqüito (ou séquito), sequaz, entre outras. Na Lógica, de onde ela proveio, designa um grupo de argumentos defeituosos (é uma falácia, portanto) em que as inferências ou conclusões não resultam logicamente das premissas apresentadas. É, portanto, uma expressão de crítica, de reprovação ao raciocínio de alguém, e não se espante se a pessoa acusada de cometer non sequiturs ficar infeliz (ou furibunda!) com o comentário.
Vou dar dois exemplos lingüísticos. No primeiro, cometo a deselegância de citar a mim mesmo: quando tratei da distinção entre bimensal e bimestral, chamei de non sequitur o raciocínio de Napoleão Mendes de Almeida, quando ele recorre ao Latim e ao Inglês para nos informar que bimensal e bimestral vêm do mesmo radical e conclui, em vista disso, que as duas palavras dizem a mesma coisa. Como dizemos em vernáculo, não tem nada a ver! Outro exemplo de non sequitur que ficou famoso aparece num dos primeiros textos de descrição de nossa terra: Pero de Magalhães Gândavo (há quem prefira Gandavo, rimando com centavo), em seu Tratado da Terra do Brasil, escrito ainda no século do Descobrimento, diz que a língua falada por nosso índio não tinha F, L ou R — “cousa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei“. Afinal, o que tem a ver o cós com a calça?
Depois do Acordo: seqüência > sequência
seqüela > sequela
séqüito > séquito