Os nomes que o Português e o Espanhol usam para as estações do ano procedem do Latim, embora não coincidam exatamente com o conceito que os romanos tinham delas.
No princípio, o ano era dividido em apenas duas estações básicas: ver, veris, o bom tempo, a estação da floração e da frutificação, e hiems (ou hibernus tempus), o mau tempo, a estação da chuva e do frio. Aos poucos, o grande período englobado pelo nome ver começou a ser subdividido em três: (1) o princípio da boa estação, denominado de primo vere (mais tarde prima vera); (2) a segunda parte do ver, o veranum tempus, de onde resultou o nosso vocábulo verão: e (3) a última parte do ver, o aestivum, de onde veio o nosso vocábulo estio. Com relação às nossas estações atuais, essas três divisões do primitivo ver tinham a seguinte correspondência cronológica: (1) o período denominado de prima vera correspondia aos dois primeiros terços da atual primavera; (2) o veranum tempus correspondia ao final da nossa primavera e ao início do nosso verão; (3) o aestivum correspondia ao final do verão atual. Hiems, a estação do mau tempo, também se subdividiu em tempus autumnus (o outono) e tempus hibernus (o inverno). No Diccionário Etimológico de la Lengua Castellana, do ilustríssimo Juan Corominas, vemos que este modelo de cinco estações foi adotado na Espanha até o século XVI: primavera, verão, estio, outono e inverno. A partir do século XVII, difunde-se o atual sistema de quatro estações, inspirado pela possibilidade de dividir o ano em quatro segmentos iguais, assinalados pelos dois equinócios (primavera e outono) e pelos dois solstícios (inverno e verão).
Não é novidade essa divisão do ano em sistemas sasonais diferentes do tradicional: na China, reconheciam as mesmas cinco estações que descrevemos acima, cada uma delas associada a um dos elementos primordiais: primavera (Madeira); verão (Fogo); final do verão (Terra); outono (Metal); e inverno (Água). Na Índia, o sistema das monções torna evidentes três estações anuais: uma estação seca e fresca, de dezembro a fevereiro; uma estação seca e quente, de março a junho; e a estação chuvosa, de junho a novembro. E assim por diante, por este grande mundo afora.
Além dos conhecidos vocábulos derivados de primavera (primaveril, primaveral), de verão (veranear, veranico, etc.), de outono (outonal, outoniço, etc.) e de inverno (invernada, invernia, etc.), é bom ressaltar que de estio vieram estival (relativo ao verão), estiagem (a estação seca), estiar (a cessação da chuva); do ver latino veio o adjetivo vernal (relativo à primavera) e seus derivados; de hiems veio hiemal (organismo que prospera no inverno) e hiemífugo (animal que migra no inverno), entre outros.