tablóide/tabloide

Prezado Doutor: li, num artigo sobre a imprensa brasileira, que o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, é o único tablóide de grande circulação no Brasil. Como eu sei que aquele é um jornal sério, fiquei confuso: os tablóides não são aqueles jornais ingleses que vivem publicando escândalos sexuais da família real britânica?”

Roberto S. A. — Salvador

Meu caro Roberto, temos aqui duas verdades que não são incompatíveis: a primeira é que o jornal Zero Hora tem mesmo o formato tablóide; a segunda é que tens razão em pensar que se trata de um jornal sério — basta dizer que este Doutor, com toda a seriedade que o caracteriza, faz parte do rol de seus colunistas regulares… Todavia, posso entender muito bem a tua hesitação, pois a maioria das pessoas associa os tablóides à imprensa sensacionalista. Explico por quê.

Como tablóide é um termo que nos veio do Inglês, fui buscar informações no meu sítio favorito, o inimitável World Wide Words , mantido por Michael Quinion: o nome tabloid nasceu como uma marca que a indústria farmacêutica registrou, em 1884, para batizar um tipo de comprimido produzido pela associação dos laboratórios Wellcome, da Inglaterra, e Burroughs, dos EUA. Como tablet já era de uso generalizado, criaram o tabloid, formado a partir de tablet mais o elemento oid (correspondente ao nosso –óide — “que tem a forma de”). Com o tempo, o termo tabloid passou a ser usado para tudo o que tivesse a forma compacta; Quinion cita expressões como “conhecimento em tablóides”, “cartas tablóides”, “ópera em tablóide”, até chegar ao “jornal em tablóide”, expressão que ficou consagrada para designar jornais cujo formato tem a metade do tamanho dos jornais considerados “normais”, como o Jornal do Brasil, o Globo ou a Folha de São Paulo. 

ara nós, no Brasil, o termo designa apenas um formato diferente, mais compacto e, no meu entender, bem mais manejável (friso que o espaço impresso é praticamente o mesmo, aumentando apenas o número de folhas); quem já teve a experiência de ler uma Zero Hora (ou o Pasquim) na beira da praia saberá avaliar a extraordinária vantagem que ele leva sobre os jornalões tradicionais. No Reino Unido, entretanto, ele terminou designando também um estilo diferente de jornal, destinado a pessoas de pouca cultura, que só consomem notícias de sexo, violência e fofocas de celebridades (para quem tem aquela família real, é um prato cheio…). Isso vem dando um nó na cabeça dos ingleses, porque ultimamente os grandes jornais tradicionais — o Times e o Independent são bons exemplos, que podem vir a ser imitados pelo Telegraph e pelo Guardian — começaram a testar o formato menor, sem perder a sua secular seriedade; o problema vai ser como chamá-los. Abraço. Prof. Moreno

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